21 setembro 2011

II - UMA NOVA FILOSOFIA : Ecocêntrica




Desde o seu aparecimento como espécie inteligente o ser humano vem interferindo sistematicamente no meio ambiente, degrando-o cada vez mais.

A partir do sec. XIX, principalmente com a Revolução Industrial, surgiu um grande avanço tecnológico, ocorrendo uma grande explosão demográfica com conseqüência nefastas ao ambiente em todo o globo.

Segundo Aristóteles : "Há um limite para o tamanho das nações, assim    como há um limite para outras coisas, plantas, animais, instrumentos; pois nenhuma delas retém seu poder natural quando é muito grande, ou muito pequena; ao contrario, ou perde inteiramente sua natureza, ou se deteriora".                         

As palavras do grande sábio grego mostra-nos que  na sua longínqua época alguém  já tinha uma visão cósmica do problema do crescimento das civilizações.  No correr dos séculos a civilização humana foi se expandindo gradativamente por todo o globo terrestre, sendo essa expansão de certa forma regular, e o desenvolvimento tecnológico havido nos últimos cem anos, principalmente, propiciou o surgimento de novas técnicas da medicina, o que resultou em uma queda dos índices de mortalidade, aumentando a população mundial em vista do desequilíbio do binômio nascimento-morte.        

Assim, quase ao final do século XX, experimentamos gravíssimos problemas decorrentes da explosão demográfica como: mundialização da pobreza e da fome; descontrole dos meios de produção alimentar , degradação cultural, entre outros;o que vem impossibilitando nações inteiras de se manter , levando-as aos limites da sobrevivência.

Dessa forma, podemos constatar que a  própria evolução científica do homem  está levando - o a uma crise de existência sem precedentes em sua história, encurralando-o em seu próprio mundo. Somente com estudos profundos e um planejamento sério de desenvolvimento com atenção específica da problemática populacional, bem como uma nova filosofia de vida, poderá o ser humano conhecer o seu limite de crescimento e, assim,  evitar que a civilização moderna ultrapasse a sua capacidade de expansão e entre em colapso.

Apesar do Planeta Terra estar no limiar desse colapso, ainda é tempo de refletirmos sobre as palavras do grande filósofo grego e modificando nosso comportamento tomarmos o rumo que nos permita sobreviver enquanto espécie.

Devemos observar também,  que  toda a sociedade é responsável pela degradação ambiental, pois:  o rico polui com sua atividade industrial, comercial etc; o pobre polui por falta de condições econômicas de viver condignamente e por falta de informações, já que a maioria é semi-analfabeta; e o Estado polui por falta de informações ecológicas de seu administradores, gerando uma política desvinculada dos compromissos com  o meio ambiente.

Isto tudo, somado aos novos conhecimentos científícos que concluem que o homem faz parte da natureza como vemos por exemplo na teoria evolucionista de Darwin, pela qual a raça humana tem origem no mesmo ancestral dos grandes macacos e evolui como todos os demais seres viventes, e ainda a Teoria de Gaia de Luveloch para a qual a Terra,  Gaia, é um ser vivo que pulsa em vida plena com todos os seus seres, incluindo o homem em igualdade de condições, surgiu a necessidade do ser humano rever a sua ação predatória e conseqüentemente seu comportamento integral.

Isto faz também com que a visão antropocêntrica que rege a conduta humana, tendo o homem como o centro do universo, comece a perder força. A ética antropocêntrica, principalmente decantada por Kant, que orientou e deu base para as doutrinas posteriores, e que estuda o comportamento social do homem entre si, levando-o ao pedestal de espécie superior pela razão, perde campo para uma nova visão: a visão ecocêntrica. 

Esta nova visão ecocêntrica que podemos definir como o homem centrado em sua casa ( " oikos" = casa em grego) ou seja o homem centrado no tudo ou no planeta como sua morada, permite o surgimento de uma ética que estuda também o comportamento do homem  em relação à natureza global; com ela o ser humano passa a enteder melhor a sua atuação e responsabilidade para com os demais seres vivos.
Surge, então, a necessidade desta nova forma de conduta em relação à natureza. Uma nova forma de importância; uma nova concepção filosófica homem-natureza.

A ética passa a ser também, neste caso, um estudo extrasocial e extrapola os limites intersociais do homem, surgindo, assim, uma nova ética diversa da ética tradicional. Surge a ética ambiental.  Com ela nós passamos a ter mais " humildade zoológica ", e conseqüentemente, passamos a ter um novo entendimento da vida; mas para que isto ocorra é necessário que tenhamos uma plena conscientização da problemática ambiental, caracterizando esta como ter pleno conhecimento de algo e o seu processo dá-se internamente, refletindo-se nas ações.


ANTÔNIO SILVEIRA RIBEIRO DOS SANTOS
Juiz de direito em São Paulo. Criador do Programa Ambiental: A Última Arca de Noé (www.aultimaarcadenoe.com)

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